Total de visualizações de página

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

O livro "Olhos de águia" chegou ao Arquivo Histórico Municipal "Eugênio Victor Schmöckel", de Jaraguá do Sul, por intermédio do Arquivo Público do Estado de Santa Catarina.
Por curiosidade procuramos elementos da trajetória de vida do autor da referida obra literária, que surprendentemente foi localizada em uma página da internet. Os dados biográficos resumidamente foi produzido pelo jornalismo do veiculo de comunicação Anoticia, de Joinville (SC).
Conheça esta história de um exímio atirador da cultura remanescente do tiro ao alvo, de Joinville .
O que aconteceu com José Carlos Paluch?

Armeiro está desaparecido desde o dia 17 deste mês

O que teria acontecido ao armeiro e artista plástico José Carlos Paluch na madrugada do dia 17 deste mês, quando desapareceu ao retornar para casa após sair de uma festa na zona rural de Joinville?

Esta é a pergunta, ainda sem resposta, repetida insistentemente entre a população e que vem dando muito trabalho aos policiais da 3ª Delegacia de Polícia, sob o comando da delegada Maria de Fátima. Campeão de tiro em vários torneios esportivos, especialista no reparo de armas e artista habilidoso - exímio na arte de entalhe em madeira, principalmente em coronhas de armas -, Paluch, 49 anos, sumiu depois de participar da 25ª Festa do Colono, realizada num salão localizado na Estrada Comprida, no bairro Vila Nova.

As únicas pistas oficiais até agora são a velha bicicleta que o armeiro utilizava para se deslocar - encontrada numa vala em meio a um arrozal a 500 metros de sua casa, localizada na Estrada do Sul - e quatro cartuchos deflagrados, calibre 7.62, utilizados para carregar fuzis automáticos leves (FAL), armas de uso reservado às Forças Armadas, recolhidos no local.

Amigos e familiares de Paluch, no entanto, adicionam outras mais complicadas: o desaparecimento do armeiro poderia estar ligado diretamente à ação de marginais ou policiais. Homem de costumes curiosos - gostava de trajar-se com roupas camufladas, semelhantes às utilizadas por militares em operações na mata, e de "inventar" mecanismos para armas -, Paluch sempre estava alegre e não tinha inimigos declarados.

"Ele não era de discussão, não brigou com ninguém e era amigo de todos aqui na região ", conta o diretor da Sociedade Esportiva e Recreativa Piraí, Vilson Zoller, que esteve com Paluch na festa e foi um dos últimos a ver o armeiro antes do desaparecimento. O aposentado Nilson Ritz, 57 anos, morador do bairro Vila Nova e que conhece Paluch há sete anos, concorda com Zoller: "É muito estranho esse desaparecimento. Paluch não tinha inimigos".

Nervoso

O jeito pacífico do armeiro só teria se alterado em relação a ações de soldados da Polícia Ambiental na região da Vila Nova. Paluch teria ficado nervoso em várias ocasiões quando os soldados, em busca de "palmiteiros", teriam invadido casas de alguns agricultores da área. Todos eles amigos do armeiro.

O comportamento de Paluch começou a se alterar a partir do final de junho deste ano, quando retornou do presídio, onde esteve detido durante uma semana (veja matéria nesta página). Logo ao chegar em casa, comunicou a mulher Rosana - que, ao lado dos três filhos, está sobrevivendo da solidariedade de amigos - que estava pensando em vender a casa e transferir residência para outro local. "Ele não se abriu totalmente, mas disse que estava preocupado com sua segurança", afirma ela.

Aos amigos, o armeiro disse que estava sendo ameaçado e vigiado. Antes de desaparecer, Paluch teria mostrado a um deles um bilhete onde estava escrita a ameaça. Mais ainda: na noite da festa - onde exerceu a função de fiscal num torneio de tiro - o armeiro teria visto as pessoas que o estavam ameaçando no local e comentado com amigos: "Eles estão aqui".

Sua mulher Rosana revela que na tarde do dia 16, um dia antes do desaparecimento, duas pessoas desconhecidas, ocupando uma moto, procuraram por seu marido na residência do casal, num momento em que ele havia saído. Mais tarde, quatro homens também chamaram o armeiro, que ainda não havia retornado. Rosana estranha: "Ele sempre era procurado por pessoas conhecidas".

Clientes

Os clientes do armeiro se resumiam a praticantes de tiro esportivo, colecionadores de armas, integrantes das policiais Civil e Militar e do Exército.

Amigos e familiares suspeitam que o desaparecimento de Paluch esteja ligado a marginais que estão recolhidos no presídio e que, ao saberem de sua profissão, através do noticiário, resolveram ameaçá-lo para obrigá-lo a efetuar algum tipo de serviço relacionado a armamentos ou a policiais.

"Teve uma época que ele só fazia serviço para policiais militares e civis e, como eles sempre estavam juntos, o Paluch ficava sabendo de muita sujeira. Talvez eles estivessem com medo de que o Paluch os tenha delatado quando esteve preso", diz um familiar, não querendo se identificar com receio de represálias.

Base para esta hipótese : antes de sumir, Paluch teria comentado em casa: "Se me acontecer alguma coisa, procurem a 3ª DP. Só lá é que tenho amigos em que posso confiar".

Fato intrigante: logo no inicio das investigações sobre o desaparecimento de Paluch, a delegada Maria de Fátima, titular da 3ª DP, chegou a comentar, em frente à câmeras de televisão, que o sumiço do armeiro, sem antecedentes criminais, poderia estar ligado a "queima de arquivo". A delegado, porém, não explicou que tipo de "arquivo" seria Paluch e a quem interessaria essa "queima".


Depoimento de
caçadores levou à prisão

No dia 16 de junho deste ano, policiais federais, civis e oficiais do Exército montaram uma operação para prender José Carlos Paluch. Ele estava sendo acusado de contrabando de armas. A acusação baseava-se em depoimentos de caçadores detidos pela Polícia Ambiental, portando um silenciador que teria sido adquirido de Paluch.

A prisão foi efetuada na casa do armeiro, no Vila Nova. No local, os policiais encontraram várias armas que, segundo o armeiro, haviam sido deixadas ali para ser restauradas. Mesmo assim, o artista plástico permaneceu detido durante uma semana no presídio.

Ao ser liberado, Paluch iniciou a coleta de assinaturas de seus clientes - entre eles, colecionadores de armas, esportistas, policiais e militares - para anexar ao inquérito aberto na Polícia Federal. O objetivo era comprovar sua profissão de restaurador de armas.

O armeiro já havia sido detido em 1995 por policiais militares, sob a mesma acusação. Na época, segundo sua mulher, a Justiça determinou a devolução das armas apreendidas, entendendo que elas eram legalizadas e estavam sendo restauradas. Entre o armamento devolvido, estavam armas de uso de agentes da Polícia Civil. O armeiro, segundo Rosana, prestava serviços de manutenção no armamento da polícia.

Nada a declarar

Responsável pelas investigações sobre o caso Paluch, a delegada Maria de Fátima, da 3ª DP, recusa-se a falar sobre o andamento do inquérito. Procurada insistentemente na quinta-feira para uma entrevista, a delegada inicialmente não foi encontrada na 3ª DP. Segundo os policiais, ela estava acompanhando o secretário de Segurança, Nicanor Chinato Ribeiro, que visitava a cidade. Ao retornar à delegacia, a delegada evitou atender às ligações, sob a alegação de que estava ouvindo depoimentos.

Na sexta-feira, Maria de Fátima atendeu a uma ligação do AN Cidade e perguntou ao repórter : "Se você me disser quem encomendou a matéria, talvez eu possa ter alguma pista sobre o caso". A delegada disse ainda que havia "casos mais interessantes" para o jornal. E complementou: "Sobre o caso, nada a declarar".

Anoticia 31 de julho de 1999.

Nenhum comentário: